Sábado, 29 de Novembro de 2003
O Rui acha que eu não gosto do Sean Penn por este ser de esquerda. Caro Rui, em primeiro lugar, desconheço se o homem é de esquerda ou não. Das actividades ‘políticas’ do sr. Penn, o único facto que me chegou foi uma ida ao Iraque, infelizmente antes da guerra, para visitar criancinhas tristes graças a Bush. Tecnicamente, a isto chama-se fazer figura de urso, exercício que não é exclusivo da esquerda.

Eu não gosto do moço como não gosto, regra geral, de actores do ‘método’ - aqueles rapazes com muitas caretas e sofrimento interior, que se dilaceram todos em cena ainda que interpretem o papel de um contabilista. Do género, suporto o Montgomery Clift, de vez em quando o Dustin Hoffman, e o de Niro no «Mean Streets». E é só. Os meus filmes e actores são outros, e, no cinema e restantes artes, podes ter a certeza de que a ideologia não entra nas contas. A esquerda, essa, é que em nome da ‘coerência’ talvez ouça o Fausto. Não o de Gounod: o Fausto, Deus meu!


publicado por ag às 19:39 | link do post

Sexta-feira, 28 de Novembro de 2003
Porque, meu caro, parece que os grupos islâmicos e os movimentos ‘anti-globalização’, (hoje, de resto, muito íntimos e parece que próximos da esquerda) estão por detrás do anti-sionismo em causa. Pelo menos, parece que é o que diz o tal relatório. Mas se calhar parece mal lembrar coisas assim.


publicado por ag às 15:09 | link do post

Na matéria em causa, o dr. Sampaio tem alguma razão. Não toda, o que seria de estranhar. Portugal não tem uma Constituição, Constituição têm os EUA. Nós possuímos um palavroso caderno de encargos, acrescentado ou rasurado de acordo com a época ou os governos ou os consensos parlamentares. Uma Constituição é um conjunto de princípios fundadores, genéricos e, na medida do possível, imutáveis. Em estados democráticos, deve ser defendida com galhardia. Sucede que a nossa já foi mais violada e esventrada que as ocasionais parceiras de Jack, the Ripper. Também, da forma como foi concebida, é para isso que ela presta. Ao defendê-la, defendemos o quê? O dr. Sampaio elogia a fachada do prédio depois do interior ter sido arrasado? Trata-se de um gesto empolgante, que cai bem nas massas. Infelizmente, é também absurdo: o que nasce esquerdo, nem tarde se endireita - ainda que não se morra por tentar. É irrelevante, é como - ai, ai - o País.


publicado por ag às 11:37 | link do post

Parece que meia blogosfera já falou de «Mystic River». Peço então licença para humildemente acrescentar:

1) Gostei muito do filme;

2) Não chega aos pés das obras-primas de Eastwood («A Perfect World»,«Honkytonk Man», «Bridges of Madison County»);

3) É, não obstante, incomparavelmente melhor do que 99,99 das porcarias que andam aí;

4) O Sean Penn, embora ameace, não envergonha como de costume;

5) Bem mais consistentes são, é claro, o Kevin Bacon e a Marcia Gay Harden;

6) Ao contrário do João, e dado que a moral é indissociável das fitas de C.E., não julgo que «Mystic River» seja ‘um filme injusto’. De algum modo trágico (como em «Um Mundo Perfeito»), ou magoado («As Pontes...»), a harmonia é restituída no final.

7) Não é, acho eu, o ‘filme do ano’. O filme do ano, falta saber de qual, há-de ser «Lost in Translation», da Sofia Coppola. É cá uma fezada, enriquecida pelas imagens, já vistas e devoradas, do Bill Murray (discutivelmente o maior actor vivo) a fazer karaoke de «More Than This» - um momento de desolação como poucos na história do cinema recente.


publicado por ag às 11:36 | link do post

Quarta-feira, 26 de Novembro de 2003
Sempre quero ver como é que a esquerda vai explicar isto. Não sei, acho a argumentação irracional uma ternura.


publicado por ag às 15:35 | link do post

Vi aqui, que viu aqui, que viu aqui, que o tal Causa Nossa abriu enfim. Para começo de conversa, e retirada a palha, ficamos a saber que o Vicente Jorge Silva tem uma relação amorosa com uma máquina de escrever; que Vital Moreira acha ‘Morte em Veneza’ um filme ‘pungente’; que um Luís Nazaré se recusa «a obedecer ao crivo da opinião instantânea e da sua nata tablóide de pendor popular, erudito ou transformista» [o sr. Castelo-Branco ou lá o que é pode tirar o cavalinho da chuva, portanto]; e que a lendária dra. Ana Gomes considera os seus companheiros de blogue «um grupo de pessoas diferentes, interessantes e desalinhadas, por muito que se/as [sic] procurem alinhar».

Depois do desaparecimento do João Hugo Faria, sentia-se a falta de um blogue assim. Não fora o espaço ter sido justamente preenchido com o dr. Carrilho e o Causa Nossa mereceria um grande Bem-vindo.


publicado por ag às 00:02 | link do post

Aqui há uns dias, feito engraçadinho, utilizei a expressão ‘fist-fucking’ num post. Como resultado, passei a receber uma série de visitantes internacionais, decerto à procura de um frenesim que este plácido blogue não consegue proporcionar. No Google francês, a pesquisa do termo coloca o Homem a Dias em segundo lugar; no Google em português, apraz-me registar a liderança do ranking, aqui, no Brasil ou nos Palop. Fico satisfeito. Agradecia era que encaminhassem as reclamações para os responsáveis pelo Google ou para o raio que vos parta: se o meu ‘fist-fucking’ não vos serve, eu sou o último culpado.



P.S.: E depois destas duas repetições do termo ‘fist-fucking’ - perdão, três -, Deus sabe que horda reforçada de tarados me franqueará as portas. Para visitas indesejadas, já me chegavam o(s) ‘leitor(es)’ oriundo(s) da zona codificada do site do dr. Carrilho (que não torno a lincar por causa das coisas).


publicado por ag às 00:01 | link do post

Terça-feira, 25 de Novembro de 2003
Às vezes acho que a minha vida é uma sucessão de pequenas recusas. Hoje cabe-me agradecer o convite da Periférica para o lançamento do número 7, ontem na Fnac, e pedir desculpa por não ter comparecido. Foi bonita a festa, pás?


publicado por ag às 16:56 | link do post

E lá murcharam a tua festa, pá

Fiquei contente

Paciência, pá

(Foi indecente).



Sei que há léguas a nos separar

E ainda bem, pá

Nem todo o povo queria estar

Com o MFA


publicado por ag às 10:38 | link do post

Segunda-feira, 24 de Novembro de 2003
O outro blogue do meu mês.


publicado por ag às 15:37 | link do post

O blogue do meu mês.


publicado por ag às 15:30 | link do post

Tal como o Francisco José Viegas, também não sei o que pensar do aviso do rabinato de Paris sobre o uso do kippah. Regra geral, quando os judeus começam a esconder-se, é porque não falta quem queira revelá-los. Pelos piores motivos.

Lembro, contudo, um pormenor. Hoje discute-se imenso a inclusão da matriz judaico-cristã numa eventual constituição europeia - uma medida naturalmente polémica e obviamente tonta, como explica o essencial Rua da Judiaria. Coerente seria incluir o anti-semitismo no documento: uma pessoa olha para a Europa ao longo dos séculos e, tirando justamente raras e precárias excepções, dificilmente descobre elemento tão constante da respectiva ‘estrutura’. Por um lado, satisfar-se-ia boa parte da esquerda 'antiglobalização' e da direita 'habitual', evitando polémicas estéreis.

Por outro, salvo a ocasional Holanda, os dois únicos países da História em que a presença significativa de judeus jamais desencadeou perseguições mais ou menos ‘oficiais’ foram (são) os EUA e Israel. Que não são europeus e que constituem, como a Europa sabe, a maior ameaça à paz mundial. Uma constituição a sério não só tem de preservar as raízes da identidade europeia, mas defendê-la contra os perigos que a põem em causa. É complicado? Dá trabalho? Arbeit macht frei, pessoal.


publicado por ag às 15:22 | link do post

Concordo: fica-nos muito bem a preocupação com as vítimas da Al-Qaeda em Istambul. Mas, quase uma semana decorrida, ninguém se lembra de inquirir sobre o estado de saúde do tal dirigente da FPF, cuja cabeça serviu à destruição do tecto do balneário francês. Se o tecto acabou naquela desgraça, em que condições estará o crânio do pobre homem? E já agora, quem é ele? A julgar pelas declarações pós-demolição, vários responsáveis sofreram graves danos cerebrais. Foram todos arremessados ao alto? Há vítimas mortais? Nós temos direito à verdade.


publicado por ag às 11:10 | link do post

Sexta-feira, 21 de Novembro de 2003
Sob a égide de Derrida, Coimbra tornou-se ontem a mais recente cidade-asilo, conceito destinado ‘a intelectuais perseguidos por regimes totalitários que não reconhecem a liberdade de criação.’

Questionado sobre a adesão à iniciativa do Parlamento Internacional de Escritores, o conhecido romancista israelita Issac Rosenblum, voluntariamente exilado em Damasco após atribulada fuga de Telavive, mostrou-se satisfeito: «Nunca fui a Coimbra (nem a Espanha, de resto), mas garantiram-me tratar-se de um lugar cuja universidade está permanentemente fechada a cadeado. Os refugiados culturais de todo o mundo sentir-se-ão certamente em casa. Não consigo falar mais, estou muito comovido.»


publicado por ag às 12:20 | link do post

Que eu tivesse notado, quem deu a nova em primeira mão foi o Janela Para o Rio (desactualizado nos links à direita - actualizações em curso, peço desculpa): o dr. Carrilho tem um site. Pronto. Ajustem-se às cadeiras, estiquem as pernas e bebam um copo de água, que eu repito, devagarinho: o dr. Carrilho tem um site.

Precisam de um Lexotan? Compreendo-vos. Também fiquei transtornado quando soube. Doravante, a blogosfera perde boa parte da sua relevância: de que serve correr a net em busca de graças e graçolas, se as realmente hilariantes estão todas no espaço virtual que o dr. Carrilho em boa hora resolveu criar? Verdade que são involuntárias, mas isso não é argumento. Facto, facto é que são excelentes. E muitas. E de uma sofisticação só comparável à simplicidade de raciocínio do moço.

Querem exemplos? Não puxem por mim. Logo a abrir, esbarramos com uma pérola ao calhas, espécie de epígrafe em que Carrilho cita Carrilho. A que me apareceu hoje é genialmente confessional:

«Parece sempre que está tudo dito e, no entanto, é raro que se toque sequer no essencial.»

Ontem a epígrafe era ainda melhor, e incluía três vezes a palavra ‘tempo’ num curtíssimo parágrafo (infelizmente, não tive tempo para decorá-lo e o desgraçado não se deixa copiar).

Depois, entra-se e dá-se com uma página limpinha, organizada por temas como ‘Destaque’, ‘Editorial’, ‘Crónicas’, etc. Tão limpinha que nem parece albergar, sem favor nenhum, os mais desbragados momentos do humor nacional contemporâneo. Não acreditam? E o que é que ainda estão aqui a fazer? Ide, hereges, e deliciai-vos. A blogosfera terá saudades vossas.


publicado por ag às 10:57 | link do post

Quarta-feira, 19 de Novembro de 2003
Para assinalar o regresso do Socio[B]logue e a estreia do Babugem (que é do Ricardo Gross, que é amigo de um amigo, que é apreciador do Homem a Dias e que tem um óptimo blogue).


publicado por ag às 15:52 | link do post

Anda um tipo a tentar fazer boa figura, escrever uma crónica limpinha, manter um blogue decente, quando de súbito vê-se desmascarado. Talvez a soldo de uma sinistra cabala, o Luciano e o Statler revelaram em simultâneo que eu sou sociólogo, facto cujo oposto sou incapaz de demonstrar. Isto, no caso do Statler, veio a propósito de uma pergunta do Pedro Lomba, sobre se as pessoas frequentam sociologia por serem de esquerda ou ficam de esquerda após frequentar sociologia.

Ora bem, o Pedro Lomba, que eu não conheço pessoalmente, tem sido simpaticíssimo para comigo. Desta vez, porém, ofendeu-me onde mais dói, já que foi justamente a sociologia a deixar-me de direita.

Explico. Quando entrei no curso de sociologia da Universidade do Porto, ainda um adolescente crepuscular, era total e visceralmente apolítico. Não lia jornais, não tinha cartão de eleitor, mal sabia que o prof. Cavaco mandava nisto. A minha passagem tangencial pelo tema resumia-se às digressões do dr. Sá Carneiro, que os mais pais, na década de setenta, seguiam de Norte a Sul, em comícios, almoços e animados serões partidários.

Esquecida essa trágica meninice, no final dos anos oitenta os meus interesses passavam, com larga exclusividade, pela alta poesia e pela baixa vadiagem. Pelo menos no que toca à poesia, as correntes sociológicas agrilhoaram os meus planos. Tratou-se de um processo gradual. Primeiro, havia os professores (esmagadoramente de esquerda); os colegas (maioritariamente de esquerda e quase todos semelhantes ao Tozé Seguro); e as colegas (prioritariamente de esquerda e cujo valor facial era pouco melhor).

Depois havia os conteúdos. Weber era bom, Durkheim engolia-se, Marx tinha estrutura (nos dois sentidos). Mas quando comecei a afocinhar nos Poulantzas, Touraines, Wallersteins e Bourdieus desta vida, percebi que, em nome da higiene mental, tinha de largar as emulações da Emily Dickinson e dedicar-me a descobrir alternativas àquela anedótica miséria.

Um dia, nos sombrios corredores, mão amiga estendeu-me uma tradução parcial do ‘Democracia na América’, que logo em seguida me levou para trás (Burke, Maquiavel) e para a frente (o Kissinger da ‘Diplomacia’, o Allan Bloom da ‘Cultura Inculta’ e a Himmelfarb em geral). Semanas decorridas, percebi que um outro mundo era possível. Quatro anos sacrificiais mais tarde, concluí o curso sem quaisquer ambições poéticas, mas com firme (?) consciência política (?) e o pé a uma distância segura do chinelo esquerdo. O resto não é história.

Agora, meu caro Pedro, exijo públicas desculpas. E envio um grande abraço.


publicado por ag às 15:40 | link do post

Terça-feira, 18 de Novembro de 2003
A Guidinha não sabe de nada: ele há mesmo coincidências. Ontem, o João referiu-se aos Monty Python e eu também. Hoje, o João fala do Dia do Não Fumador e eu já perdi a conta aos cigarros que acendi, numa evocação deliberada das maravilhas que me escapam por não pertencer àquele virtuoso grupo. De resto, o dia está propício a comemorações. Acordo às nove com o café que a minha dadivosa senhora me estende, enxoto as cadelas que entretanto haviam acampado na cama e inauguro a longuíssima série de Camel quotidianos (Gainsbourg contava a história do sujeito cujo cão o ignorara a partir do momento em que ele, o sujeito, deixara de fumar). Chego-me à janela. Faz sol, como eu gosto; faz frio, como eu gosto. À esquerda, as torres da Petrogal indicam ligeiro vento sudeste (a geada islâmica). Em frente, o mar está sereno, propício a surfistas nacionais. Meia hora decorrida, estou no rotineiro posto de gasolina, com jornais, nata, novo café e novo cigarro. Mais meia hora, eis-me no escritório, sujeito à brutal observação dos e-mails, que força um cigarro. Em seguida, telefonemas deprimentes, que não dispensam um cigarro. Depois, nova ida ao café, para leitura aprofundada sobre o doutoramento de Derrida e os malefícios do tabaco. Dois cigarros. Agora, a redacção de um texto (carácter profissional - um cigarro) e deste post (caráter ocioso - outro cigarro). É quase meio dia. Dia do Não Fumador, dos não fumadores. Ainda bem. Que tenham muita saúde. E amigos também.


publicado por ag às 11:50 | link do post

Segunda-feira, 17 de Novembro de 2003
Bêbado de entusiasmo com os festins do Dragão, passei o fim de semana num estado que não me permitiu a leitura ponderada de jornais. Donde só hoje li o «Independente»; donde só hoje soube que o Luciano é o novo colunista da casa. Quero assim enviar públicos parabéns. Não ao Luciano, mas ao «Independente», por arregimentar um sujeito que escreve e pensa como muita gente gostaria de escrever e pensar - e não consegue. E agora, o chavão pindérico da semana: a imprensa portuguesa ficou melhor.


publicado por ag às 13:25 | link do post

Já anda por aí a edição especial (dois discos) do «Meaning of Life», o pior filme dos Monty Python e uma obra de génio. Tem horas de extras e, caso raro no mercado português, na circunstância os extras são muito mais do que um amontoado de palermices destinadas a consumir a nossa paciência: são uma delícia.



P.S. A despropósito, lanço novo inquérito com a marca de prestígio Homem a Dias. A única coisa que me irrita um bocadinho nos Monty Python é justamente o consenso que parece envolvê-los. Tirando um artigo de Richard Ingrams (o fundador da «Private Eye») na «Oldie», não me lembro de gente respeitável que beliscasse os moços. Há igualmente na blogosfera quem não ache a mínima piada aos MP (não os do parlamento)?


publicado por ag às 12:02 | link do post

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