Terça-feira, 30 de Setembro de 2003
Poucas horas depois do post anterior, recebo um simpático e educado mail do secretário-geral do PNR, informando-me de que não mais importunarão o meu endereço. A terminar, felicita-me sem ironias pelo «excelente blogue»! Chiça: será que, tirando o dr. Alegre, já ninguém se indigna neste país?


publicado por ag às 21:46 | link do post

De acordo com um «comunicado» que recebi, o Partido Nacional Renovador está ofendidíssimo com as posições do dr. Paulo Portas sobre imigração. Calma, não é bem isso: o PNR irritou-se porque o dr. Portas alegadamente apropriou-se do tema, quando, como toda a gente devia perceber, «o único partido que é contra a invasão de imigrantes e pelo repatriamento imediato de todos os clandestinos é [adivinhem] o Partido Nacional Renovador!» (sic).

Sinto-me esclarecido. Doravante, se o dr. Portas decidir propor a detenção sumária dos mendigos romenos, ou o envio para as Berlengas dos angolanos das obras, eu sei a quem atribuir a paternidade da ideia. Os senhores do PNR podem ficar descansados.

De caminho, aproveito para pedir-lhes, delicada, repetida e insistentemente: não me encham a caixa de correio com merda.


publicado por ag às 15:34 | link do post

Segunda-feira, 29 de Setembro de 2003
O Origem do Amor revelou ontem a existência de uma série de ataques terroristas a este humilde blogue. Confesso que, afastado do computador por exigência conjugal, não dei por nada. Mas não me surpreende que, parafraseando o treinador de um qualquer Sanjoanense FC, o Homem a Dias esteja a ser incómodo para muita gente. Seja lá essa gente quem for. A fim de zelar pela verdade blogueira e, afinal, pelo futuro dos nossos filhos, proponho uma marcha, em passo acelerado, até à redacção do «Dna», cujo director deve estar, singelo contra dobrado, envolvido na vil ofensiva. Se não estiver, ouve à mesma. O Pedro Namora já aceitou participar, a dra. Odete declamará uma ode alusiva à liberdade e, estou certo, a blogosfera silenciosa abrirá uma excepção para pedir em altos berros os testículos do inimigo, ou um emprego na respectiva publicação. Infelizmente, o traje terá de ser informal: os fatos cedidos sábado por Roberto Leal, Raul Ouro Negro e 762 vendedores de gelados da Caparica ainda não voltaram da lavandaria.


publicado por ag às 17:02 | link do post

O João Veríssimo escreveu-me isto na sexta. Segue com atraso, mas talvez não tenha perdido a pertinência, pelo que dispensa comentários. De resto, o tema da (im)parcialidade dos média, puxado por outros pretextos, já tem sido amplamente discutido na blogosfera.



«Morreu hoje José Manuel Casqueiro, soube-o através do noticiário das 10 na TSF. Casqueiro foi durante anos o secretário geral da CAP e a sua figura maior. Enfrentou o PREC com coragem e determinação, graças a ele a reforma agrária não passou do Alentejo. Em suma, foi um dos que fomentou a imensa revolta anónima que levou ao 25 de Novembro.

As pequenas linhas que mereceu na TSF seriam as mesmas se morresse, por exemplo, um líder sindical ou um obscuro lutador antifascista? Não faltava certamente o Manuel Alegre a declamar um poema.

Porquê esta dualidade?»


publicado por ag às 01:57 | link do post

Afinal não estou sozinho. Para começar, escreve o J. (que eu não sei se quer ver publicado o nome por extenso):



«Para grande pena minha não pude ver o Ghost World (filme), mas estou com esperanças que saia numa das colecções de DVD com que a imprensa nos anda a tentar fisgar o dinheiro.

Mas li a BD que deu origem ao filme e juro categoricamente que é a melhor graphic novel da década de 90 e também um dos melhores livros publicados na altura. Tendo em conta que a adaptação para cinema foi feita pelo próprio Daniel Clowes não me surpreende que seja excelente.

Aliás, uma das lojas especializadas em BD do Porto rebaptizou-se em honra do livro.»



[Caro J.: esqueça as colecções e roube já o dvd; alugue-o e mostre um BI falso; peça emprestado a um amigo e perca um amigo. Quanto ao livro, sempre evitei ler, com medo de comparações - decerto infundadas, a julgar pelas entrevistas ao Daniel Clowes e ao Terry Zwigoff incluídas nos «extras» do filme. De passagem: não perca o outro filme de Zwigoff, o absolutamente singular (e angustiante) documentário (sobre Robert) «Crumb». Por fim, na loja no CC Brasília sou ocasional cliente de reedições do «Spirit» e do «Mad».]



E o Nelson Gonçalves (nenhum parentesco, julgo) informa:



«Eu também adorei o filme. E não conhecia a BD por detrás do filme, e

continuo sem conhecer. No entanto, mesmo após alguns dias depois de vê-lo ainda estava atordoado. E uma banda sonora do caneco! Melhor só se tivesse uma cena lésbica entre as protagonistas (estou a brincar, acho...). Quanto ao "Punch Drunk Love" para mal dos meus pecados ainda não tive hipótese de ver... Como sinto falta de ver bom cinema...»



[Caro Nelson: não comento as suas preferências eróticas em público, mas a banda sonora é de facto quase tão sublime quanto o filme, misturando «bollywood», Buzzcoks, blues do Delta e muito do melhor ragtime alguma vez executado. E, se não é indiscrição: onde raios você mora?]



Agora sobre o «Punch-Drunk Love», é a Rita Relvas quem diz:



«Não vi, já quis alugar mas não tenho dvd... Já pensei em começar a campanha: Ofereçam um Dvd à Rita este natal para ela poder ver o Punch-Drunk Love!

Conheço a história por ter o pequeno vicio de ler a sinopse dos filmes antes de os ver. E a minha melhor amiga (que por acaso já viu o filme...) aconselhou-me: - Fuma um charro antes do filme, um durante o filme e outro depois... Não sei se vou ver o filme envolta em qualquer fumo vindo directamente de Marraquexe... Sei que o verei e isso chega-me! Adoro o blog...»



[Cara Rita: em Marraquexe não tenho conhecimentos, mas olhe que os leitores de dvd estão assim a dar para o barato. Mais caros que a grama de haxixe, mas mais baratos, com certeza, que um bilhete dos Stones no mercado oficial. E olhe que, mesmo não sendo a minha especialidade, penso que o Adam Sandler é vastamente preferível a quatro múmias vestidas de cetim. No que toca ao blogue, obrigadinho.]


publicado por ag às 01:43 | link do post

Descrédito

Impertinente

Impensável


publicado por ag às 01:43 | link do post

Sábado, 27 de Setembro de 2003
Hoje, no «Público», a fadista Mariza colocou a pergunta que se impunha:

- Quem não tem discos dos Rolling Stones?


publicado por ag às 15:25 | link do post

Julgo que não me fiz entender ao Celso Martins. O que eu escrevi foi - justamente - que não uso misturar contabilidade com vidas humanas, e que, por uma vez, abriria uma excepção em prol do equilíbrio de argumentos. Certo? Quanto ao resto, o Celso disse quase tudo: a «sociedade militarizada» a que você se refere admite e incorpora sem grandes traumas a dissensão, já que também é democrática, aberta e tolerante. Virtudes algo problemáticas de encaixar na «outra» sociedade, por razões a que os israelitas serão, julgo, bastante alheios.

Sobre o ligeiro facto de não me conhecer, não se preocupe: a recíproca é verdadeira e não menos grave. Tenho muito gosto, portanto. E mande sempre.



publicado por ag às 12:09 | link do post

Sexta-feira, 26 de Setembro de 2003
Por razões diversas, que posso explicar depois, evito discutir o conflito israelo-árabe, muito menos fingindo uma equivalência moral entre ambas as partes que não consigo sentir nem compreender. Mas uma vez não são vezes. Ora bem: o Celso Martins acha que a pública desobediência de 25 oficiais israelitas, que recusaram atacar alvos palestinos, convirá ao processo (?) de paz no Médio Oriente. Se a ideia é o equilíbrio, eu tenho a impressão de que não basta: é preciso esperar que 25 - ou 15, ou 5 - destacados membros do Hamas ou das Brigadas de Al-Aqsa se revoltem contra os ataques a civis indiscriminados em Telavive ou em Jerusalém. O que seria, parafraseio, «um dardo ao coração da sociedade palestiniana e uma grande oportunidade para ultrapassar a lógica do terror que dita todas as suas últimas opções.» Parece-me é que vamos esperar sentados sobre cadáveres. Cá por coisas. Imensas coisas.


publicado por ag às 17:40 | link do post

Por um instante, julguei que o Fumaças tinha acabado. Mas não.


publicado por ag às 17:39 | link do post

Descobri ontem uma classificação dos blogues nacionais. E constatei que o Homem a Dias consta do «top 25», quer em «inbound blogs» (20º), quer em «inbound links» (23º - qual a diferença?). É bom? É mau? Acho que é assim-assim. Se partirmos do princípio que os 18 primeiros constituem a Primeira Liga, o Homem a Dias é um dos diversos candidatos da Segunda à subida. No fundo, é a Naval ou a Ovarense dos blogues, pelo que me informei aqui. Esperam-se, contudo, muitas dificuldades: o orçamento é comparativamente baixo, os reforços são miragem, a SAD está em águas de bacalhau e a competitividade neste escalão é, como se sabe, enorme. O melhor é assumir que na corrente época se luta pela manutenção, que na próxima se tentará consolidar o estilo de jogo e que, a médio prazo, ou seja dois/três anos, se lutará enfim pelo convívio com os «grandes». Em suma, um projecto de futuro - a menos que entretanto os órgãos sociais se demitam em bloco.



P.S.: Revelador é o facto do Pipi não surgir na tabela. Informaram-me depois que aderiu à Liga Espanhola e que o prefácio do livro é do Valdano. Maldito profissionalismo.


publicado por ag às 12:46 | link do post

O Carlos também é devoto do «Punch-Drunk Love», e o Bruno vai no bom caminho. Deles, não se esperava outra coisa. Mas, de passagem, pergunto: existe alguém, nesta blogosfera de Deus, que venere, irredutível, fanática e persistentemente o «Ghost World»? É que, em qualquer das 254 ocasiões em que lhes pedi a opinião sobre a fita, os meus amigos responderam-me com «Tá porreiro...» ou «Impecável, mas gostei mais do Beleza Americana».

Porreiro, impecável? «Beleza Americana» o raio que os parta. O máximo que consegui foi um «É do caralho», obviamente do João, e mesmo assim não estou satisfeito. Quero mais: às vezes, ser membro de um culto solitário cansa. Dízimos para o e-mail acima, sff.


publicado por ag às 12:43 | link do post

Quinta-feira, 25 de Setembro de 2003
Embora aqui também fique bem servido.


publicado por ag às 16:49 | link do post

Você não percebe nada dos avanços e recuos jurídicos da novela Casa Pia? Não? E tem pena? Faça como eu: vá, com frequência, aqui. Mesmo no nebuloso universo do Direito, ainda há gente que pensa e escreve em português.


publicado por ag às 16:17 | link do post

Quarta-feira, 24 de Setembro de 2003
Dadas as circunstâncias da insularidade, andei uns dias com os jornais em falta. Por isso cheguei um nadinha atrasado à polémica que o Intermitente e o Comprometido Espectador - pelo menos - comentam. Mas cheguei com a vantagem da experiência: há uns meses, no CM, eu próprio identifiquei, sem excepção, as organizações de homossexuais com o BE e, em troca, recebi uma carta (justamente) indignada do sr. António Serzedelo, presidente da Opus Gay, que me esclareceu acerca das trapalhadas que a recorrente confusão tem suscitado. Depressa o incidente ficou, como se diz, sanado: o sr. Serzedelo sabe que eu não gosto de grupos de pressão e eu sei que ele não gosta das manipulações do BE. Óptimo.

Ontem, porém, o sr. Serzedelo voltou a escrever-me com as actualizações do caso e, embora agradecendo a atenção, hesito em opinar. A não ser para insistir no que reconheci da primeira vez: se é verdade que 10% dos portugueses adultos são gays, no mínimo dois terços dos gays não votam BE (abstenção à parte). E isto considerando que todos os eleitores do BE são gays. Como até esta interpretação será, talvez, abusiva, é lícito supor que os grupos, grupelhos e aparentados que o BE cultiva no meio sejam apenas representativos de umas dúzias de gatos pingados, que se procriam (sem trocadilho) de modo a parecerem imensos. Vistas bem as coisas, a dona Fabíola, chefe do Safo, é capaz de representar somente a dona Fabíola. E mesmo assim, diz quem já viu e ouviu a senhora, a custo.


publicado por ag às 18:18 | link do post

Ao contrário do Bruno Alves, eu estou de alma e coração com a criançada que sequestrou o Conselho Directivo da FCUNL por meio de 3 mil rolos de papel higiénico. Ponho-me na pele dos moços: de facto, deve ser irritante pagar propinas académicas e constatar, dia após dia, ano após ano, que a nossa educação, imaginação, bom senso, são, para além de residuais, uma valente merda.


publicado por ag às 16:09 | link do post

Estas duas personagens que a história da Casa Pia revelou lembram duos famosos do género «Tom & Jerry» ou «Itchy & Scratchy» (dos Simpsons). No aspecto (um é pequenino e ladino; o outro calmeirão e algo lento), e no enredo (começam por ser amiguinhos e, quando menos se espera, desatam à paulada mútua).

Porém, em vez de falarmos em plágio e abrirmos outro interminável processo, é motivo de júbilo que o nome Granja esteja associado, enfim, à animação de estilo americano. Certo que os protagonistas são comunas, mas divertem muito mais que aquelas porcarias checas e húngaras com que o camaradinha Vasco nos traumatizava a infância.


publicado por ag às 01:42 | link do post

Dizem-me que chegou aos clubes de vídeo o «Punch-Drunk Love». Talvez venha a escrever mais demoradamente sobre a fita. Agora limito-me a proclamar que em 2003 não vi filme que lhe chegasse aos calcanhares - e só não é o meu favorito deste incipiente século porque «Ghost World», naturalmente, não deixa.

Não sei é se «Punch-Drunk Love» vale por si ou pela interpretação genial de Adam Sandler, que a crítica (não apenas a nossa) julgou ser mérito do P. T. Anderson, tipo Tarantino-ensina-Travolta-e-o-imbecil-até-se-safa. Tudo bem: cada um engole os Malkoviches e os Hopkins que lhe aprouver, e a separação entre «actores» e «comediantes» é, no mínimo, engraçada. Mas, como dizia o Jerry Seinfeld em lendária entrevista à Vanity Fair, qualquer Greg Kinnear salta da stand-up comedy para um filme e envergonha o Jack Nicholson (embora, calminha, a stand-up não seja o «Levanta-te e Ri»: com o Fernando Rocha e afins, nós é que saímos envergonhados).


publicado por ag às 01:17 | link do post

Caríssimo: já voltei e já soube do João Gilberto. E, mesmo sendo tão ateu quanto o padre da Lixa, orar é o que mais tenho feito. Mas sabe de uma coisa? Desta vez acho que o homem vem. É cá uma crença, um palpite, uma fezada. E é cá um medo, também...


publicado por ag às 00:58 | link do post

Terça-feira, 23 de Setembro de 2003
O Ricardo Esteves Correia interroga-se sobre o final do «Marco», a série televisiva que marcou uma geração. Caro Ricardo, não o saberei esclarecer acerca da produção japonesa, que para mim foi apenas uma insignificância que sucedeu à «Heidi» (a «Heidi» é que era!). Mas posso assegurá-lo de que, na origem, a odisseia do Marco surgiu em «Cuore», romance do italiano Edmondo d’Amicis. No dia em que terminei a «primária», esse foi o livro que eu e todos os meus colegas recebemos das mãos da professora, a título de prémio.

Com grande pena minha, já não tenho o volume em causa, mas li-o e reli-o o suficiente para me lembrar que narrava um ano lectivo numa escola do sul de Itália, salvo o erro em Nápoles. De x em x capítulos, ou a cada mês da narrativa, o professor contava uma historieta aos rapazes, sempre sobre um qualquer rapaz como eles, sempre reveladora da respectiva coragem. Uma dessas histórias, «Dos Apeninos aos Andes», era justamente a de Marco. Prepare-se agora: se a memória não me trai, quando o menino localiza a mãe, a senhora acabara de morrer. De saudade. E do futuro de Marco nada ficámos a saber. Piegas? «Coração» é um livro piegas, triste e muito, muito bonito. (Há também um filme, com a Cláudia Cardinale em papel «sério», e que se vê sem custo.)


publicado por ag às 12:58 | link do post

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