Quarta-feira, 13 de Agosto de 2003
Ontem, participei num jantar de aniversário. Não vale a pena entrar em pormenores, mas sempre vos digo que o dito se realizou em Leça da Palmeira e que entre os convivas estava um colunista que faria melhor se trabalhasse no site pessoal que nunca mais abre. Acrescento também que o repasto foi marcado por certo entusiasmo descontrolado: Borba puxou Cardeal Reserva, Cardeal puxou Esporão Não Sei Quantos, Esporão puxou Ferreirinha e, a páginas tantas, juro que vi um Barca Velha flutuar sobre a mesa. Nem refiro os conhaques da digestão, mas quando chegou a conta, entrámos em pânico, evidente nos sintomas da praxe: suores frios, decréscimo de salivação, contemplação nostálgica do Visa, etc. Um de nós, controlando a custo a ansiedade, ainda gritou: «Há algum construtor civil na sala? Nenhum? Um empreiteiro sub-contratado? Um sobrinho taxista na Suíça? O José Quitério? Ao menos um jogador da bola sem salários em atraso?» Não havia ninguém, pelo que terminámos a noite internados de urgência, com um diagnóstico de défice agravado e, para alguns, possivelmente crónico.
Terça-feira, 12 de Agosto de 2003
Ao inicio da tarde, os simpáticos cavalheiros da Microsoft portuguesa ajudaram-me, por via telefónica, a resolver o problema do vírus. Infelizmente, quando regressava de uma carpintaria aqui perto, onde deixei a emoldurar um retrato do Bill Gates, descobri que o «template» do Homem a Dias desaparecera, junto com o próprio Homem a Dias. Após árduo esforço, acho que consegui recompor as peças (embora possa faltar algum dos links anteriores, agradeço avisos) e tenho equacionado múltiplas explicações, entre as quais um ataque cirúrgico a este humilde blogue ou idiotia do proprietário. Mas, pelo sim, pelo não, acho que vou ao carpinteiro cancelar a encomenda.
Ainda agora aqui cheguei, e já recebo mensagens de blogues bons e fresquinhos, acabados de nascer. São eles, os pequenitos, que nos põem velhos. Casos do
Para Mim Tanto Faz, da
Matriz Escondida (bem, este até é mais crescido) e do
Democrata, do meu amigo Jorge Queirós, que, se evitar perder-se no bulício dos dias, tem muito para dar à blogosfera ou lá como é que isto se chama.
A propósito do «rodeo» que, felizmente, vai por essa blogosfera afora, sugiro três filmes dedicados à «country». «Your Cheatin' Heart» (1964), deliciosa insignificância de série «b» sobre a vida de Hank Williams, pai (George Hamilton faz o protagonista, mas aguenta-se); «Coal Miner’s Daughter» (1980), biografia de Loretta Lynn (óscar para Sissy Spacek), com tangente a Patsy Cline; e «Honkytonk Man» (1982), de Clint Eastwood. Os dois primeiros são, obviamente, «biopics» e, não por causa disso, precisam de um gosto excessivo ou um nadinha perverso para se deixarem desfrutar devidamente. O terceiro não custa nada: é um dos melhores filmes de C.E. (para mim, está apenas depois de «A Perfect World»), logo um dos melhores filmes que os nossos olhos podem ter a sorte de contemplar. Porém, que eu me lembre, os grandes momentos da «country» propriamente dita no cinema encontram-se em filmes algo distantes do tema: o dueto de Jonnhy Cash com Bob Dylan no «Eat the Document» (1972), o documentário «proibido» deste último; e outro dueto, entre Ricky Nelson e Dean Martin (não, não são os progenitores do Ricky Martin), em «Rio Bravo» (1959). De certeza que me escapa alguma coisa, mas não importa, todos juntos, agora: Purple light in the canyon/ that is where I long to be/ With my three good companions/ just my rifle, pony and me
José Sócrates anunciou o fim da sua inestimável colaboração com a RTP. A juntar à extinção do Acontece e à transferência do dr. Santana, é o serviço público que assim definha, é o país que morre aos poucos.
Um vírus criado por um sujeito qualquer no Ontário ou na Tailândia atacou-me ontem o miraculoso Windows XP, deixando-o em estado catatónico até sabe a Microsoft quando. Ou a situação se resolve a bem, ou contem com a minha enfurecida presença na próxima arruaça contra a globalização. Para já, limito-me a apresentar, aos eventuais interessados, as minhas desculpas pelo atraso no correio.
Segunda-feira, 11 de Agosto de 2003
Claro que não comecei por ler no original o «
artigo» do sr. Luís Delgado. Mas os
Marretas, mais valentes, chamaram-me a atenção. O sr. Delgado, com o talento contabilístico que o caracteriza, avisa
os comentadores «oficiais» e pagos: é que se passam a usar os blogs, deixam de ter interesse e valor. A que título é que os jornais, televisões ou rádios investem em líderes de opinião que opinam gratuitamente? Eu, que com certeza não sou um comentador «oficial», mas ao menos o CM paga-me, julgo possuir suficiente legitimidade para reformular a questão: a que título é que os jornais, televisões ou rádios investem no sr. Delgado? Do que conheço, há alguns blogues muito maus, e haverá ainda piores, mas nada, sob qualquer perspectiva, se compara à colunazita do sr. Delgado no DN. Literalmente, nada. Até porque está para nascer um blogue de louvor contumaz aos poderes políticos e económicos da nossa praça. (Embora www.vaidarcartasem2003.blogspot.com fosse bem engendrado.)
Leio na «Pública» a entrevista a Carlos Pinto Coelho, que cada vez se leva mais a sério. Não será coincidência que num país com 48% de analfabetos funcionais (reclamações à ONU, s.f.f.), o fim de um mero magazine cultural suscite tanto ruído. Excepções à parte, que as há em tudo, a «cultura» que o «Acontece» encontrou e fomentou é a cultura dos pasmados, donos de uma visão acrítica e reverente. Para a maioria da «imensa minoria» que CPC se orgulha de representar, livros, peças e pinturas, sejam quais forem, são por definição alvo de elaborada vénia. O que é normal. Sem acesso ao conhecimento mínimo capaz de permitir comparações de facto, não espanta que o espectador médio do «Acontece» engula Manuel Alegre, ou a última instalação daquele jovem artista de Campolide. Quem não engole é gente de outro campeonato, como se diz em dialecto da bola. Eu, pobre de mim, sei poucochinho. Mas, ocasional e felizmente, privo com pessoas que percebem alguma coisa sobre alguma coisa, e que nunca, salvo por acidente, passaram os olhos pelo «Acontece». O
Desejo Casar já referira experiência semelhante. Acrescento apenas que eu, lá está, até via quando calhava, e sinceramente gostava daquele senhor idoso que se encrespava todo ante os deslizes gramaticais. Dele, terei saudades.
Domingo, 10 de Agosto de 2003
Gosto de estações de serviço, as «bombas de gasolina». Daquelas grandes, com café e jornais, abertas toda a noite. Tenho uma assim ao pé de casa, que abriu há uns três anos e mudou a minha existência. Vou lá quase diariamente, sobretudo de madrugada, quando faltam os cigarros, espreitar fogachos de humanidade no meio da cidade adormecida. É o casal eufórico em busca de preservativos. O louco, com bicicleta e farnel, que montou arraiais junto à lavagem automática e dali não sai há semanas. Os trabalhadores nocturnos, cuja pausa para o lanche ocorre às duas da manhã. Os clientes indistintos, como eu espero ser. Odeio metáforas, mas em quase todas as estações que conheço, repete-se este microcosmos instável, que apropriadamente se alimenta de sucessivas renovações, ganhos e perdas. Desde que me lembro, intercalo os longos percursos de automóvel com paragens sacramentais, de hora a hora, de acordo com as «bombas» disponíveis. Os meus companheiros de viagem, quando os há, toleram-me o vício, embora não pareçam partilhá-lo. Aos poucos, nas estradas que frequento mais, elejo favoritas. Na A1, prefiro sempre Aveiras e Mealhada. Mas a minha preferida, que eu pensava obscura e exclusiva, fica no IP4, perto da saída para Mirandela. Vindo de sudoeste, a subir as montanhas escuras, vejo-lhe antecipadamente as luzes e salivo de gozo. Gozo fugaz: em circunstâncias normais, nunca me lembro dessa estação. Só que ontem houve lá um carro que irrompeu em chamas. E, enquanto ouvia a notícia na Tsf, sobressaltei-me: de repente, percebi que a rotina daquela «bomba» prosseguia sem mim. Estas coisas não se explicam, mas, durante uns instantes, experimentei uma traição imensa. E depois a certeza de sermos inteiramente dispensáveis ao Mundo.
Sábado, 9 de Agosto de 2003
Quando não me resta opção, espreito as reportagens televisivas dos incêndios. Em todos os canais nacionais, os critérios de aprovação das «peças» são: montante de fogos exibidos; grau de proximidade às chamas; quantidade de populares interpelados em aflição; percentagem de planos aos solavancos; números de bombeiros interrompidos pela acção dos «jornalistas». Ganha quem mostrar mais, mais perto, mais «tremido», durante mais tempo. Dado o empenho geral, palpita-me que a contenda vai acabar empatada. Pelo sim, pelo não, as estações já arrancaram com uma competição paralela: cada uma promove uma campanha para ajudar as vítimas dos incêndios, com abertura de contas, organização de pândegas, etc. De dez em dez minutos, transmite anúncios alusivos, a relembrar-nos a sua intrínseca bondade. Disseram-me também que, nos rodapés dos noticiários, estas gentis empresas vão contabilizando o apuro entretanto obtido, numa correria humanitária para que as desgraças de uns sejam as audiências de outros. Alguém chamou «vergonhosos» aos fogos correntes. Peço licença: independentemente das causas, o fogo é uma catástrofe. Vergonha é isto.
O sr.
José Bragança de Miranda já encerrou a ligeira e falsa polémica sobre a «ética» dos blogues, que tem animado a minha caixa de correio. Óptimo. Pela minha parte, nunca pretendi provocá-la. A alusão à «ética», pesada palavra, foi uma brincadeira: embora eu não o faça, acho totalmente irrelevante que se apaguem ou alterem posts. Aliás, julgo que a eventual assimilação de um rígido «código de conduta» para os blogues, representaria a prazo o respectivo fim. No máximo, aceito que a necessidade de comunicação, neste como em outro meio, implica talvez a aceitação de um pequeno conjunto de regras tácitas. Mas não me incomoda nada que tais regras sejam frequente e vastamente violadas. Aqui, a única regra sagrada é a liberdade. Ao fim e ao cabo, foi essa que nos converteu a isto. Ou não?
Não julgo que o recente post do
Abrupto seja um reparo a um dos meus. De qualquer modo, também faço notar que «a última coisa que quero dizer é que tudo que é francês é mau e o resto bom.» Falo da cultura, em sentido lato: não houve decerto escritor que me marcasse mais do que Camus (sim, incluindo os Carnets, que JPP elegeu como pioneiros dos blogues). E guardo, na música popular e no cinema franceses, inúmeras «referências» ou, se a palavra não estiver viciada, heróis.
Sucede que nenhum foi estalinista. Não que eu tenha preconceitos a respeito: os estalinistas, empenhados de outrora, dissimulados de hoje, é que sempre os tiveram. Quando a arte e o pensamento se resumem à normativa partidária, torna-se difícil pronunciá-los sem aspas.
Sexta-feira, 8 de Agosto de 2003
Algures na
crónica do CM de hoje, escrevi «melhor» onde o correcto seria «mais bem». Três mails chamaram-me a atenção para o erro, o que logo agradeci. É nestes momentos que uma pessoa constata ter leitores atentos. E é nestes momentos que uma pessoa sonha com o leitor ideal, provido de uma conjuntivite ideal.
Há quatro dias, o sr.
José Bragança de Miranda enviou-me um mail de boas-vindas. Há duas horas, o sr. JBM enviou-me outro mail. Desta vez para me informar que retirou o link do Homem a Dias do seu blogue, por causa do meu post sobre a França. Já confirmei o facto, bem como o desaparecimento de um post simpático que o sr. JBM me dedicara ontem, salvo o erro. Está no seu pleno direito, mas, sinceramente, julgava que a espécie de ética dos blogues desaconselhava alterações ou remoções do que ficou escrito. Pelos vistos, enganei-me. E depois? Quanto ao Homem a Dias, continuará a ostentar o link do Reflexos. Naturalmente. Até porque nada disto tem qualquer importância.
«
Hijackers, Not Passengers, Deliberately Crashed Flight 93. One of the hijackers in the cockpit of United Airlines Flight 93, ordered the terrorist-pilot Ziad Jarrah to crash the plane into a field in Pennsylvania because of a passenger uprising in the cabin, U.S. investigators now believe.»
Por que será que uma
notícia assim leva certa esquerda à ejaculação? Talvez porque certa esquerda não tenha dúvidas sobre o género que a excita. E há a esquerda que não assume.
As reacções dos do costume ao encerramento da tal Livraria Francesa suscitaram diversos comentários nos blogues (
Abrupto,
Contra a Corrente,
Intermitente,
Reflexos). Subscrevo sem problemas a maioria das opiniões, que sustentam a justa superioridade actual da cultura anglo-saxónica. De tão evidente, dispensa comentários. Mas concedam-me uma lágrima de solidariedade: é que continuo a comover-me com as pessoas que se agarram, desesperadas, às ruínas que a França legou. E principalmente com aquelas que percebem a vacuidade das suas certezas e, ainda assim, não desistem, sob pena de negarem a própria existência. Toda a gente sabe que «a ideia da França», da França enquanto pólo cultural, terminou de vez com Estaline, que converteu uma «intelectualidade» parisiense pronta a combater, com a demagogia em punho, o ameaçador Império que se levantava do outro lado do Atlântico. De súbito, o centro cultural que permitira Hugo e Monet passou a produzir reles emissários do Partido. Sartre, hoje uma anedota de salão, personificou talvez na perfeição este «intelectual» empenhado, mas as cópias eram inúmeras, e todas mecânicas, e todas orientadas para o sol de Moscovo. Não é por acaso que, dentro da literatura francesa coeva à exposição oficial dos Gulag, só os anti-marxistas, como Camus, Céline e Vian, ou os marxistas desencantados a horas, como Malraux e Gide, tenham sobrevivido à euforia do tempo e mereçam o reconhecimento civilizado de que, aliás, dispõem. Já o grosso da «inteligência» francesa, órfã do Grande Camarada após a tardia «revelação» da noite estalinista, optou por dissolver certa vergonha (a que nem eram muito dados, diga-se) em obras estéreis, indulgentes e masturbatórias. Sobretudo, apostaram com firmeza numa mistura repugnante de ininteligibilidade, «ciências» sociais e (saudades de Rousseau) relativismo. A incompreensão mascarava a ausência de talento; as «ciências» simulavam credibilidade; o relativismo afagava os selvagens que engoliam a fraude. Dessa pocilga saíram os Althusser, as Duras, os Foucault, os Lacan. E Portugal, como bom Terceiro Mundo, destacou-se no fornecimento de selvagens a alfabetizar (?) nesse caldo absurdo. Em 2003, eles aí andam, ruminando na prosa poética da seita o fecho de uma livraria que a ninguém importa. O mundo passou, eles ficaram, a debater-se no entulho. É por isso que me comovem.
Quinta-feira, 7 de Agosto de 2003
O
Miguel Noronha já pegou no assunto pelo lado certo. Mas vale a pena insistir, e a história conta-se depressa. Em duas edições consecutivas do «Público», há duas crónicas dedicadas ao encerramento de uma livraria em Lisboa. Como a livraria se chama Francesa, uma das crónicas é forçosamente de
EPC (a outra é de um senhor
Rego, que eu não conheço). Em ambos os textos, há o mesmo tom acusatório, apontando o dedo ao Estado francês por permitir semelhante catástrofe. Pelo meio, há ligeiras variações: o sr. Rego, mais pessimista, coitado, resigna-se ao «afunilamento cultural americano que, mais do que globalizante (sic), é estiolante (sic) e redutor». EPC ainda dá sinais de esperança, e deseja «mobilizar esforços para que (a livraria) volte a ser possível». Claro que, como lembra o
Intermitente, resta a compra via internet, que afinal facilita a escolha e o conforto, além de que pouparia a EPC uma sempre cansativa mobilização. A chatice é que, por um lado, a
Amazon.fr é de origem americana, logo «globalizante», «estiolante» e «redutora». E depois EPC, segundo confessa, tem uma relação erótica com os livros, o que o leva a cheirá-los previamente. Nessas coisas não me meto. Mas quanto ao sr. Rego, nem net nem Francesa: sendo evidente que não sabe escrever português, é duvidoso que consiga ler Bourdieu no original. A menos que também queira cheirar os livros e, em seguida, «rien».
Não sou do Sporting e interesso-me pouco por futebol. Mas sou humano, e por isso pergunto que crime terão cometido aqueles desgraçados que ontem foram a Alvalade. Verdade que o jogo correu bem, mas nada, nada, nada neste mundo justifica cinco minutos de Dulce Pontes.
Lula da Silva é mesmo um caso à parte. Na terça-feira, em Brasília, a aprovação da reforma da Previdência valeu ao herói operário nova vaga de manifestações em seu louvor: 40 mil trabalhadores, em transe evidente, agradeceram aos céus a graça de ter um presidente assim. Alguns dos miraculados, decerto cumprindo promessas, fizeram até questão de levar pedaços do Congresso para casa, à laia de «souvenir». O pagamento dos ligeiros estragos daí resultantes, anunciou fonte da presidência, será deduzido, nas calmas, do infinito Capital de Esperança que em boa hora se apoderou dos brasileiros. À tardinha, peregrinos e forças policiais conviveram em harmonia, puxando assunto e discutindo futebol. Enfim, o Paraíso. Quem viu em Lula a salvação não se enganou.
Hoje, enquanto contemplava, aterrado, os novos cartazes da JSD, confirmei uma repugnância imensa pela ideia de «juventude». Mas, ao mesmo tempo, reparo: também não sei o que é a propagada sabedoria da idade. Vejam o exemplo do dr. Soares, Mário. A criatura gastou a primeira metade da sua vida a combater a ditadura de Salazar, e ocupou o início da segunda metade a livrar-nos da ditadura comunista. Graças a ele, e a uns poucos mais, devemos a democracia que temos, fraquinha mas muito nossa.
Por estas e por outras, custa vê-lo entrar na velhice. Em nome de feitos idos, uma pessoa ainda aturou a tonta candidatura à presidência do PE, a amizade com Arafat e criminosos afins, os insultos infantis a Bush. Mas quando o dr. Soares baba ódio público sobre o ministro que lhe desocupou a esposa, o nível desce à sub-cave da tasca.
O homem tem filhos, santo Deus: gente presumivelmente lúcida que devia aconselhar o patriarca a um retiro providencial. Apesar da má fama, há por aí excelentes lares de idosos, com pessoal competente, prestimoso. Não são baratos, mas a Fundação cobre. E dava jeito que as memórias que guardamos do dr. Soares, democrata incólume, não fossem bombardeadas, dia após dia, pelo próprio.