Os portugueses que não contam
No fecho do interessante congresso de Espinho, o eng. Sócrates garantiu que “os portugueses podem continuar a contar com o PS”. A promessa é ambígua: quais portugueses? Os que se empenharam na exaltação do primeiro-ministro de facto não se desiludiram. Nos casos extremos, em que a exaltação ultrapassou o fervor de um muçulmano em Meca, a recompensa foi generosa.
(continua na edição em papel)
A crónica da Sábado:
"Nestes últimos dias, não sei quantas vezes vi e ouvi um certo tenente da GNR alertar para as estradas cortadas ao trânsito, ou meramente “condicionadas” devido ao clima. O tenente, que se diz chamar Alberto Gonçalves, fez ainda questão de repetir até à exaustão os rituais conselhos aos automobilistas: verificar o estado dos veículos, redobrar a atenção, evitar as zonas afectadas pela neve e pelo gelo, etc.
A mim, admito, o sermão convenceu-me, mas a enfiar-me no carro, rumar ao Nordeste pelas rodovias do Apocalipse e, eventualmente, processar o tenente por usurpação de identidade. (...)"
(continua na edição em papel da Sábado)
Sábado, 30 de Dezembro:
Tirando um jantar entre a reduzidíssima família e um ou dois amigos descrentes, o meu Natal não se distingue dos restantes dias, passados em casa a ler e a trabalhar, por exemplo na presente crónica. De relance, vejo na televisão as habituais reportagens sobre o frenesim nos “shoppings” e o comércio da época, que me suscitam indiferença idêntica à de um documentário acerca do acasalamento dos pandas ou um “directo” da Festa do Avante! O meu Natal não tem compras de última hora nem enfeites nem cedências ao espírito “consumista”.
(continua na edição em papel da Sábado)
We blew the shit right back up their own ass
And out their fucking ears.
It works.
We blew the shit out of them,
They suffocated in their own shit!
We blew them into fucking shit.
They are eating it.
Now I want you to come over here and kiss me on the mouth
Harold Pinter
No País de Gales, um tal Patrick Jones, irmão de um famoso rocker que não conheço, publicou um livro alegadamente blasfemo. Uma organização cristã não gostou da licenciosidade e quer banir a obra, a qual, segundo o Guardian, é a collection of poems dealing with issues including domestic violence against men, war, religion and the environment. Promete. A divisão do trabalho também, e mesmo em plena e, como de costume, definitiva crise do capitalismo, continua a funcionar na perfeição: uns produzem lixo, outros promovem-no. O público, provavelmente, consome-o.
(Lido aqui)
Sábado, 23 de Dezembro
Há dias, senti um formigueiro no braço esquerdo, fenómeno que uma rápida consulta no Google me provou ser sintoma clássico de um AVC. Logo a seguir, uma consulta telefónica a uma amiga médica provou-me que os médicos raramente têm o telemóvel ligado. A alternativa era o hospital público, que não é alternativa, e os hospitais privados, cujo preço nos faz ponderar os benefícios de um chilique definitivo. Convencido da morte próxima mas não inteiramente convencido das suas vantagens...
(continua na edição em papel da Sábado)
A crónica de ontem no Diário de Notícias.
O Homem a Dias, que ameaçava transformar-se em Homem a Anos, está de volta. Ninguém perceberá porquê. Por enquanto, eu também não.
Blogues
Jornais e etc.