Segunda-feira, 25 de Agosto de 2003
Não contando a crescente obsessão com o dr. Portas, exigida pelo patriarca, a «reentré» do PS foi igualzinha à do ano passado. Nem faltaram as comparações do Governo a Salazar, estratégia brilhante a que ninguém dá o devido valor. Nem faltou, tampouco, a profissão de fé do dr. Ferro na íntima bondade, indispensável no caso do homem ser o proverbial vendedor de carros usados. Pronto, está bem: eu comprava-lhe o tal carro. E só.
Grave, grave é que todos os políticos, mal partem de férias, fazem logo questão em «reentrar». Para ser sincero, este ano nem me apercebi de que tivessem saído. A verdade é uma: ao contrário do que diz o «povo anónimo» e o (ligeiramente mais conhecido) dr. Monteiro, o político médio nacional trabalha que se farta. Esforça-se excessivamente. Cansa-se. Cansa-nos. Permitam-me um lamento: há por aí tantos manifestos e nenhum para prolongar as férias da nossa classe política. Três meses de descanso, seis meses, um ano sabático em Cancun, eu sei lá. Bastaria conseguir as assinaturas do dr. Soares e do prof. Freitas (sem eles não há manifesto que se preze), e reunir uma delegação para entregar o documento na AR. Isto quando a AR reentrar ao serviço, claro.